Se nas últimas décadas a evolução do ambiente competitivo criou uma maior exigência para as organizações, que levaram a um novo paradigma da gestão de riscos e a um incontornável protagonismo da mesma, os últimos anos contribuíram para a ocorrência de cenários extremados que confirmam a importância de as organizações gerirem os seus riscos de forma estruturante e integrada.
A pandemia, por um lado, condicionou a atividade empresarial e, inclusive, paralisou por completo setores inteiros, por outro lado, quando se vislumbrava o fim da pandemia, eis que surge a crise de matérias-primas e um conflito bélico em pleno continente europeu às portas da União Europeia. E no meio do impacto destes eventos, como reagem ou devem reagir as organizações?
A Gestão de Riscos não funcionará como uma “varinha mágica” que fará desaparecer estes e outros eventos, nem o seu impacto na atividade das organizações. No entanto, esta foi evoluindo para dar uma resposta, em especial, a eventos que colocam em causa os objetivos e performance das organizações. Sem dúvida que, seja através de mecanismos de planos de contingência ao nível do Business Continuity, ao nível de distaster recovery plans, ou até mesmo ao nível de mecanismos integrados nos sistemas de operações e controlo de gestão e performance, a gestão de riscos dará um apoio estratégico na gestão das Organizações.
A expectativa não será de milagres, até porque o risco nunca será zero. No entanto, a diferença entre possuir, ou não possuir mecanismos de gestão de riscos poderá fazer toda a diferença. Recordemos o recente caso da Vodafone: caso não existisse um plano de contingência, ao invés de 24 horas para voltar da década de 90 ao ano de 2022, quais os acontecimentos e impactos esperados?
E quem fala num contexto de interrupção/reativação de negócio, fala na gestão do dia a dia: qual o impacto nas atividades diárias das organizações, de eventos aleatórios, dispersos e diversos, como a volatilidade do preço das matérias, serviços, produtos? Qual o impacto num negócio dos constrangimentos de circulação e comercialização nos mercados internacionais? Qual o impacto num negócio da instabilidade social e política que atravessa um ambiente competitivo global?
A Gestão de Riscos terá, sem dúvida, um papel fundamental no apoio às organizações. Acima de tudo, um novo paradigma se propõe: passar de uma gestão reativa, para uma gestão proactiva e integrada, que permite controlar continuamente a performance de organização. Podemos não impedir que eventos nefastos ocorram, mas podemos estar preparados para os enfrentar.
A capacidade advinda da Gestão de Riscos será, sem dúvida, a diferença entre um negócio resiliente, bem-sucedido, com um futuro pela frente e um negócio cujo futuro é diariamente uma incógnita.